O que é sexualidade?
Muitas pessoas pensam que a sexualidade se refere somente ao
ato sexual. No entanto, neste conceito estão incluídos muitos outros fatores,
desde como a pessoa se sente a respeito do seu corpo, até como ela se comunica
com outras pessoas e como constrói suas relações. A sexualidade envolve,
inclusive, muitas outras atividades sexuais que não estão necessariamente
ligadas ao ato sexual, como tocar, abraçar e beijar.
Como a doença renal pode afetar a vida sexual?
A doença renal pode causar alterações físicas e psicológicas
que afetam a vida sexual.
Fisicamente, a mudança química que ocorre no corpo do doente
renal afeta os hormônios, a circulação, o sistema nervoso e o nível de energia.
Essas mudanças geralmente causam uma diminuição no interesse e no desempenho
sexual. Muitos medicamentos, usados no tratamento da doença, podem também
afetar o funcionamento sexual.
Em razão disso, geralmente, os indivíduos em hemodiálise são
sexualmente menos ativos do que as pessoas saudáveis. A atividade sexual requer
um nível de energia que poderá faltar ao IRC. Na mulher, o orgasmo poderá ser
menos freqüente e o homem terá mais dificuldade em conseguir a ereção.
Por outro lado, o uso de certos medicamentos pode acarretar
o ganho de peso, o surgimento de acne e queda de cabelo. Alguns doentes em
diálise peritoneal sentem-se embaraçados com o cateter, outros se preocupam com
o aumento de gordura na região abdominal, resultado da glicose contida no soro.
A mulher pode sentir que a fistula, ou outras cicatrizes, a tornam menos
feminina. Todas essas preocupações com a aparência afetam psicologicamente o
paciente fazendo com que o ele se sinta pouco atraente e causando,
conseqüentemente, uma diminuição do interesse sexual.
Os paciente renais podem também sentir alterações de humor
provocadas pelo tratamento e pela medicação. Crises de irritabilidade e
depressão pode afetar o relacionamento com o parceiro.
O que pode ser feito em relação a esses problemas?
O problema físico pode ser amenizado de várias maneiras. O
homem que não consegue a ereção pode optar por um implante no pênis, que
possibilita a ereção e, em alguns casos, pode inclusive melhorar o fluxo de
sangue para o pênis. Outra opção pode ser o uso de hormônios masculinos que
podem ser injetados ou tomados via oral. Médicos especialistas podem dar
informações sobre as vantagens e desvantagens de cada tratamento.
As mulheres podem resolver o problema da falta de
lubrificação vaginal, ocasionada pelo baixo nível de hormônios, com o uso de um
lubrificante a base de água. A dificuldade em atingir o orgasmo e a falta de
energia durante a relação podem ser resolvidas com a ingestão de hormônios e
com o uso de medicamentos controladores da pressão arterial, respectivamente. É
importante consultar o médico antes de optar pelo tratamento.
Exercícios de relaxamento ajudam a diminuir o estresse, a
ansiedade os medos, que são bastante comuns em doentes crônicos. As atividades
físicas regulares mantém a mente ocupada e melhoram o condicionamento e o
aspecto físico do paciente.
A relação sexual é segura para pacientes renais?
Sim. Pacientes renais e seus parceiros preocupam-se pensando
que a atividade sexual pode ser perigosa para pacientes em diálise ou pacientes
transplantados. No entanto, nenhuma limitação precisa ser estabelecida para as
relações sexuais em pacientes renais. Se a atividade sexual não causar incômodo
ou tensão, não haverá danos para o paciente.
Após o transplante, é importante esperar a cicatrização do
local da cirurgia. Porém, desde que o médico diga que o paciente está pronto
para a atividade sexual, não há motivos para preocupação com o rim
transplantado.
O medo pode fazer com que as pessoas evitem a atividade
sexual desnecessariamente. Como em qualquer atividade física o paciente pode
fazer sua própria avaliação, ouvir seu corpo e conversar com seu médico para
decidir que tipo de atividade pode ser prejudicial a sua saúde.
Pessoas em tratamento dialítico podem ter filhos?
Geralmente as mulheres em diálise não podem engravidar, pois
o tratamento altera o ciclo menstrual. Mas, algumas mulheres continuam a ter o
ciclo menstrual normal e têm, portanto, a possibilidade de engravidar. No
entanto, os riscos que envolvem a mãe e o índice elevado de abortos
espontâneos, indicam que devem ser aconselhadas medidas de prevenção para
impedir a gravidez.
Os homens em diálise mantêm a fertilidade e, se forem
sexualmente ativos, há sempre a possibilidade de a companheira engravidar.
Porém, se o casal estiver tentando, sem sucesso, ter um filho, é necessário
procurar ajuda médica. Em alguns casos, o homem pode ter que fazer
periodicamente exames de fertilidade.
É mais fácil para uma paciente transplantada engravidar do
que para uma paciente em diálise?
Sim. A maioria das mulheres retoma normalmente o ciclo
menstrual após o transplante e passam a ter uma saúde melhor do que uma
paciente em diálise. Por isso, é mais fácil para elas engravidar. No entanto, a
gravidez não é recomendada antes que se complete um ano da realização do
transplante, mesmo se o rim estiver funcionando bem. Em alguns casos, a
gravidez não é recomendada porque representa risco de vida para mãe ou a
possibilidade de perda do rim transplantado.
Os medicamentos tomados pelas pacientes transplantadas podem
afetar a gravidez?
Os medicamentos anti-rejeição não parecem causar efeitos
colaterais negativos na gestação do feto. Logo após o transplante, os pacientes
recebem alta dose desses medicamentos, porém desde que os medicamentos são
reduzidos ao nível de manutenção, eles não parecem causa efeitos negativos no
desenvolvimento do bebê.
No entanto, em longo prazo, esses efeitos ainda são
desconhecidos. A paciente transplantada quer quiser engravidar deve discutir a
possibilidade com seu médico.
Quais métodos anticoncepcionais são recomendados para
pacientes renais?
Geralmente, mulheres que sofrem de hipertensão arterial não
podem usar pílulas. Pacientes transplantadas não devem usar DIU, pois os
medicamentos anti-rejeição baixam a defesa do organismo, tornando-as mais
propensas a contrair uma infecção do DIU.
O diafragma e a camisinha são bons métodos
anticoncepcionais, especialmente quando usados com cremes espermicidas. No
entanto, é importante consultar um médico, que pode recomendar o tipo de
anticoncepcional para ser usado em cada caso.
A doença renal pode afetar o desenvolvimento sexual de uma
criança?
Depende da idade que a criança tenha quando ocorre a
insuficiência renal. Crianças com IRC são geralmente menores que outras
crianças da mesma idade e seu desenvolvimento sexual é mais lento. Crianças que
fazem diálise provavelmente crescerão menos e se desenvolverão mais lentamente
do que uma criança transplantada.
Se um adolescente tem IRC, seu desenvolvimento sexual pode
tornar-se mais lento ou parar. As mudanças, causadas tanto pela doença quanto
pelo tratamento, podem fazer com que o adolescente se sinta diferente de seus
amigos. Nesses casos, os pais devem levar essas preocupações ao médico.
Pais de crianças ou adolescentes com IRC devem lutar contra
o impulso de proteger seus filhos da dor do crescimento. Auto-estima,
independência e identidade sexual são importantes para o adolescente. Os pais
precisam conversar abertamente com seus filhos sobre as alterações físicas,
emocionais e sexuais que acontecem nesse período.
Fonte: Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR
pro-renal.org.br
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