sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Terapias Renais Substitutivas


Ainda que os rins saudáveis tenham várias funções no organismo, sua atividade mais reconhecida é a de produzir urina. Quando a função renal cai abaixo de 10 a 15%, eles não estão mais aptos a filtrar o sangue e gerar urina. Isto provoca o acúmulo de toxinas e líquidos no corpo. Felizmente, vivemos hoje com a disponibilidade de tratamentos e medicamentos que podem substituir razoavelmente as funções renais e manter vivo nosso organismo.
Terapias renais substitutivas (TRS) são tratamentos necessários para a falência renal severa, também chamada Doença Renal Crônica (DRC) estágio 5 ou Insuficiência Renal Crônica (IRC). Assim, quando os rins não fazem mais seu trabalho adequadamente, estas terapias executam atividades necessárias à vida como a remoção de líquidos, de eletrólitos (potássio, sódio, fósforo, etc) e de resíduos do organismo (toxinas metabólicas, como uréia).
Como temos opções diferentes de TRS à disposição de quem necessita delas, a informação abrangente e de fácil compreensão é o primeiro passo para que pacientes e familiares possam escolher de forma madura o que mais esteja de acordo com suas necessidades, possibilidades, estilo de vida e pretensões para o futuro. O médico nefrologista e o enfermeiro especialista podem ajudar a entender estes assuntos e a fazer uma escolha mais adequada.
Bem cedo no curso da DRC, medicações e dietas são usadas para ajudar a preservar a função renal e para retardar a necessidade de terapia renal substitutiva. Estes tratamentos iniciais são dirigidos à doença causadora da perturbação renal, a fatores secundários que causam progressão da doença (como a hipertensão) e às complicações que a doença renal possa determinar (como anemia, alterações ósseas, risco cardiovascular, etc).
À medida que os rins perdem suas funções, líquidos e resíduos metabólicos vão se acumulando no organismo. Anormalidades bioquímicas do sangue, desnutrição, pressão alta (hipertensão), e anemia podem ocorrer como efeito direto da falha progressiva dos rins. Quando estes problemas alcançam um momento crítico ou quando 90% ou mais da função renal é perdida, as terapias renais substitutivas passam a ser necessárias.
Desde que as primeiras alterações renais possam ter sido reconhecidas, este processo costuma demorar vários meses ou anos, embora a insuficiência renal crônica possa ser reconhecida às vezes em pessoas que nunca souberam anteriormente que tinham doença renal.

Existem basicamente três modalidades de terapias renais substitutivas:

  • Hemodiálise
  • Diálise peritoneal
  • Transplante renal
Cada uma delas pode ser feita de formas diferentes, de acordo com fatores como a condição clínica do paciente, o estilo de vida, a experiência local e a disponibilidade de recursos. Em nosso site, podem ser encontradas informações úteis para entender o que representa cada uma dessas modalidades.
Qual é a melhor Terapia Renal Substitutiva para cada um?
Escolher um método de TRS mais apropriado é uma decisão complexa, e é melhor realizada em conjunto pelo paciente e seu médico, e frequentemente com a família ou cuidadores mais próximos, após a consideração cuidadosa de alguns fatores importantes.
A hemodiálise envolve, por exemplo, rápidas alterações no equilíbrio de líquidos do organismo e pode ser menos tolerada por alguns pacientes. Alguns indivíduos podem não ser candidatos adequados para o transplante renal, enquanto outros podem não ter as condições residenciais ou as habilidades necessárias à realização da diálise peritoneal. A condição médica global do paciente, suas preferências pessoais, e a situação de seu domicílio estão entre os vários fatores que devem ser considerados. É importante lembrar que muitos pacientes precisam trocar de modalidade de TRS se as suas preferências ou condições médicas mudam ao longo do tempo.
O transplante renal é o melhor tratamento para a maioria dos pacientes que podem ser submetidos ao mesmo após uma avaliação cuidadosa. Pacientes que não são candidatos a transplantar ou que devem aguardar por um rim na lista de espera devem inicialmente ser tratados com hemodiálise ou diálise peritoneal.
Quando se deve iniciar tratamento renal substitutivo?
À medida que a doença renal progride, a decisão para iniciar TRS / diálise é tomada pelo paciente e seu médico após considerar uma variedade de fatores, incluindo a função renal do paciente (medida em testes de sangue ou urina), saúde global, qualidade de vida, estado nutricional, e preferências pessoais.
Como regra geral, a diálise deve ser iniciada a partir do ponto em que podem ocorrer complicações com risco para a vida do indivíduo. O mais recomendável é que o paciente inicie TRS ao atingir a doença renal avançada, mas quando ele ainda sente-se bem, não está desnutrido, não tem complicações metabólicas da insuficiência renal, e não tem sobrecarga severa de sal e líquidos.
Certos sinais clínicos indicam que a diálise deve ser iniciada imediatamente. Se os exames de laboratório para medir a função renal mostram insuficiência renal severa, aumento grave dos níveis de potássio, ou se o paciente apresenta confusão mental ou sangramento relacionado à doença renal, a diálise deve ser empregada imediatamente, sob risco de morte a curto prazo.
Planejamento antecipado
Pacientes com doença renal devem discutir a possível necessidade de TRS precocemente em seu tratamento. O planejamento antecipado ajuda a reduzir complicações e permite ao paciente preparar-se para estes tratamentos. Existem evidências fortes de que isto diminui os riscos de internação, de incapacidade e de morte na fase em que é necessário dar início a estes tratamentos.
Se a escolha for hemodiálise, o planejamento antecipado permite a realização de cirurgia para a construção de uma fístula artério-venosa (FAV), que normalmente requer pelo menos 2 a 4 meses para se desenvolver antes que possa ser usada. Se a escolha for diálise peritoneal, permite a realização do treinamento do paciente e seu cuidador, além do implante do cateter (que usualmente não necessita tanta antecedência, mas requer um mínimo de 2 semanas). Se existe a oportunidade do transplante renal como alternativa já inicial, a investigação do paciente e de seu doador deve ser feita já na fase de tratamento clínico (não-dialítico) da doença renal, de tal forma que o transplante renal possa ser feito quando necessário o início da TRS. E o planejamento antecipado permite basicamente que os indivíduos envolvidos possam ir se adaptando ao modo como a diálise será incluída em suas vidas, tornando-os preparados para quando este tratamento iniciar.

Links:
National Kidney Foundation (NKF) – informações sobre diálise (em inglês).

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